Por Tiago Cisneiros
Com o encerramento do 14º Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordeste (Ciso), abrimos espaço para os comentários dos pesquisadores sobre o evento. Confira as avaliações de participantes e organizadores.
Joanildo Burity – Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) – coordenador Geral do Ciso.
“O saldo do evento é muito positivo. A organização prevista funcionou, o número de participantes – mais de mil pessoas – está dentro das nossas expectativas. A qualidade das apresentações foi muito bem avaliada, e eu acredito que nós conseguimos definir um certo padrão de organização e funcionamento, que vai ficar na história do Ciso. Aproveito para agradecer às pessoas que colaboraram, desde os professores e pesquisadores até os estudantes e as instituições e pessoal de apoio técnico e administrativo.”
Alexandre Zarias – Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) – organizador do Ciso e coordenador do GT “Sociedade, direito e justiça”
“O Ciso foi extremamente positivo, tivemos muita qualidade nos trabalhos e um alto grau de participação das pessoas. Conseguimos fazer com que o evento marcasse os 60 anos da Fundaj, com o apoio das instituições parceiras e dos patrocinadores. Neste ano, o Ciso teve um ganho muito grande, através da publicação dos trabalhos apresentados, do site e do blog, dos livros de resumos e do próprio esquema de divulgação. Extrapolamos os muros da academia, fazendo o diálogo com a sociedade, tornando claras as pesquisas da área de ciências sociais e humanas e articulando o conhecimento científico com o cotidiano da sociedade.”
Carla Cristina Costa de Menezes – Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
“Esta é a primeira vez que participo do Ciso. Está tudo bem organizado e estruturado. O evento teve uma procura tão grande de pesquisadores interessados em apresentar seus estudos, que muitos não conseguiram um espaço para expor.”
Alexandre Veronese – Universidade Federal Fluminense (UFF)
“Participei de grupos de trabalho e fóruns na quarta-feira (9) e quinta-feira (10). As discussões foram muito proveitosas – entre elas, um fórum sobre os 20 anos da Constituição Federal, apresentado, hoje, pelo professor Ernani Carvalho. Espero que os alunos de graduação tenham mais interesse por este evento, porque é uma grande oportunidade para todos, já que transcende a barreira do Norte e Nordeste e se torna um congresso nacional.”
Orivaldo Lopes Junior – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e integrante da comissão científica do Ciso
“Participei de GT´s, fóruns e mesas, e me surpreendi com a amplidão dos temas e abordagens do evento. Confesso que, ao ver o tema geral – “Desigualdade e Justiça Social” -, imaginei uma coisa mais centralizada. Na verdade, foi um tema importante, porque é preciso chamar a atenção para um foco, mas é muito interessante que haja essa diversidade de assuntos e debates.”
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
14º Ciso aborda o funcionamento das instituições políticas brasileiras
Por Diego Ximenes
Como está funcionando o sistema partidário brasileiro, as eleições e o desempenho das gestões políticas nas principais cidades brasileiras? Essas indagações serviram de tema de debate do grupo de trabalho 28 que abordou As instituições políticas, na tarde desta sexta-feira (11), no 14º Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordeste (Ciso).
O coordenador de pesquisa do Instituto Mauricio de Nassau, Adriano Oliveira dos Santos, apresentou um trabalho voltado para os prefeitos que conseguiram realizar uma boa administração, e se a boa política pode eleger sucessores. O trabalho intitulado de “Boas Pesquisas Elegem Candidatos?” teve uma grande aprovação e foi um dos mais discutidos do encontro.
“Procurei abordar a situação de algumas cidades de Pernambuco. O porque em alguns lugares onde há uma boa administração o prefeito não consegue eleger o sucessor, enquanto em outros municípios são eleitos com folga nas pesquisas. Este assunto é de grande interesse dos alunos de Ciências Políticas”, afirmou Adriano.
Como está funcionando o sistema partidário brasileiro, as eleições e o desempenho das gestões políticas nas principais cidades brasileiras? Essas indagações serviram de tema de debate do grupo de trabalho 28 que abordou As instituições políticas, na tarde desta sexta-feira (11), no 14º Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordeste (Ciso).
O coordenador de pesquisa do Instituto Mauricio de Nassau, Adriano Oliveira dos Santos, apresentou um trabalho voltado para os prefeitos que conseguiram realizar uma boa administração, e se a boa política pode eleger sucessores. O trabalho intitulado de “Boas Pesquisas Elegem Candidatos?” teve uma grande aprovação e foi um dos mais discutidos do encontro.
“Procurei abordar a situação de algumas cidades de Pernambuco. O porque em alguns lugares onde há uma boa administração o prefeito não consegue eleger o sucessor, enquanto em outros municípios são eleitos com folga nas pesquisas. Este assunto é de grande interesse dos alunos de Ciências Políticas”, afirmou Adriano.
Pesquisadores debatem comércio virtual no 14º Ciso
Por Tiago Cisneiros
O 14º Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordeste (Ciso), também, abordou a tecnologia dos novos tempos, com o painel “A sociedade brasileira resultante do e-commerce: novas interpretações do direito para garantir o acesso à justiça?”, apresentado pela professora Carla Cristina Costa de Menezes, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A pesquisa integrou o GT “Sociedade, direito e justiça”, coordenado por Alexandre Zarias (Fundaj) e Marcelo Pereira de Mello (UFF).
O trabalho da professora Carla Costa refere-se ao fenômeno de comércio virtual, ampliado a partir das estratégias de inclusão digital do Governo Federal. Segundo ela, apesar do crescente espaço obtido pelo e-commerce, o Brasil, ainda, carece de uma legislação específica para o setor. “Existem modelos criados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização Mundial do Comércio (OMC), além da Diretiva 2000/31/CE, implantada pela União Europeia para unificar as leis de uso da internet em todo o continente. Aqui, as problemáticas geradas pelas relações do comércio são resolvidas com base no Código do Consumidor, que é muito protecionista para o próprio consumidor. Hoje, percebemos que ele começa a abusar desses direitos”, argumentou.
Essa postura estaria dificultando a importação de produtos, já que as empresas estrangeiras preferem evitar problemas jurídicos em âmbito internacional – principalmente em um país ‘contrário’ ao comerciante. Para a professora, a pergunta central do e-commerce no Brasil é: “Devemos reinterpretar as leis ou criar uma legislação adequada a esse novo tipo de relação?”. Essa dúvida está vinculada, também, à postura brasileira de não-aceitação das regulamentações internacionais e da lei aplicável (acordo das partes acerca das regras que determinam a troca). Carla Costa defende que o governo deveria centralizar princípios e condutas, criar formas mais seguras de contrato e exigir informações mais transparentes.
Embora reconheça uma postura protecionista no Código do Consumidor, a pesquisadora, também, considera as dificuldades dos compradores nas relações comerciais. “Quando são prejudicadas, as pessoas ficam desestimuladas a buscar a justiça, se prendem no dilema entre abrir mão do direito e enfrentar a demora e a dificuldade do Judiciário. Diante desse quadro, percebemos que o Código, apenas, coloca o consumidor no nível do comerciante, que tem o poder de barganha, mais conhecimentos técnicos e poder aquisitivo.”
Para evitar disputas com as empresas, Carla Costa aconselha que os consumidores, sempre, busquem sites confiáveis, solicitando recomendações a pessoas conhecidas sobre o serviço. “Assim, com o tempo, se adquire mais confiança nesta nova fase de tecnologia e de relações comerciais”, afirmou.
O 14º Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordeste (Ciso), também, abordou a tecnologia dos novos tempos, com o painel “A sociedade brasileira resultante do e-commerce: novas interpretações do direito para garantir o acesso à justiça?”, apresentado pela professora Carla Cristina Costa de Menezes, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A pesquisa integrou o GT “Sociedade, direito e justiça”, coordenado por Alexandre Zarias (Fundaj) e Marcelo Pereira de Mello (UFF).
O trabalho da professora Carla Costa refere-se ao fenômeno de comércio virtual, ampliado a partir das estratégias de inclusão digital do Governo Federal. Segundo ela, apesar do crescente espaço obtido pelo e-commerce, o Brasil, ainda, carece de uma legislação específica para o setor. “Existem modelos criados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização Mundial do Comércio (OMC), além da Diretiva 2000/31/CE, implantada pela União Europeia para unificar as leis de uso da internet em todo o continente. Aqui, as problemáticas geradas pelas relações do comércio são resolvidas com base no Código do Consumidor, que é muito protecionista para o próprio consumidor. Hoje, percebemos que ele começa a abusar desses direitos”, argumentou.
Essa postura estaria dificultando a importação de produtos, já que as empresas estrangeiras preferem evitar problemas jurídicos em âmbito internacional – principalmente em um país ‘contrário’ ao comerciante. Para a professora, a pergunta central do e-commerce no Brasil é: “Devemos reinterpretar as leis ou criar uma legislação adequada a esse novo tipo de relação?”. Essa dúvida está vinculada, também, à postura brasileira de não-aceitação das regulamentações internacionais e da lei aplicável (acordo das partes acerca das regras que determinam a troca). Carla Costa defende que o governo deveria centralizar princípios e condutas, criar formas mais seguras de contrato e exigir informações mais transparentes.
Embora reconheça uma postura protecionista no Código do Consumidor, a pesquisadora, também, considera as dificuldades dos compradores nas relações comerciais. “Quando são prejudicadas, as pessoas ficam desestimuladas a buscar a justiça, se prendem no dilema entre abrir mão do direito e enfrentar a demora e a dificuldade do Judiciário. Diante desse quadro, percebemos que o Código, apenas, coloca o consumidor no nível do comerciante, que tem o poder de barganha, mais conhecimentos técnicos e poder aquisitivo.”
Para evitar disputas com as empresas, Carla Costa aconselha que os consumidores, sempre, busquem sites confiáveis, solicitando recomendações a pessoas conhecidas sobre o serviço. “Assim, com o tempo, se adquire mais confiança nesta nova fase de tecnologia e de relações comerciais”, afirmou.
Grupo de trabalho do 14º Ciso discute arte e produções teatrais
Por Diego Ximenes
Antropologia e Imagem: teorias e práticas nas Ciências Sociais. Esse foi o tema que o grupo de trabalho 27 abordou no 14º Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordeste (Ciso), realizado no Centro de Graduação de Ensino da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) na tarde desta sexta-feira (11).
O professor de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcelo Dádimo Souza Vieira, trouxe a temática “Cangaço e documentário: história, influências e vertentes”; Já a doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ana Amélia Medeiros, apresentou um trabalho sobre a peça “o Anti-classico”, que é um monólogo protagonizado por uma bailarina. O estudante do 8º período de Ciências Sociais da Universidade Federal Campina Grande (UFCG), Darllan Neves Rocha, apresentou o trabalho sobre o bairro do Alto do Moura, em Caruaru.
No último dia de encontro foram discutidas as relações entre as produções e interpretações de imagens e as ciências sociais, do ponto de vista histórico e cultural, como contos e imagens, de certa forma, tem sua repercussão na sociedade.
Segundo Darllan Neves, o repasse de informações da sua pesquisa serviu de capacitação para ele e significou uma ótima experiência a participação do seu primeiro Ciso. “Escolhi falar do bairro do Alto do Moura porque é um lugar que concentra o maior centro de artes figurativas da América Latina. Lá se encontra uma prdução bem diferenciada. Um bairro que cresceu graças ao barro.”
Antropologia e Imagem: teorias e práticas nas Ciências Sociais. Esse foi o tema que o grupo de trabalho 27 abordou no 14º Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordeste (Ciso), realizado no Centro de Graduação de Ensino da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) na tarde desta sexta-feira (11).
O professor de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcelo Dádimo Souza Vieira, trouxe a temática “Cangaço e documentário: história, influências e vertentes”; Já a doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ana Amélia Medeiros, apresentou um trabalho sobre a peça “o Anti-classico”, que é um monólogo protagonizado por uma bailarina. O estudante do 8º período de Ciências Sociais da Universidade Federal Campina Grande (UFCG), Darllan Neves Rocha, apresentou o trabalho sobre o bairro do Alto do Moura, em Caruaru.
No último dia de encontro foram discutidas as relações entre as produções e interpretações de imagens e as ciências sociais, do ponto de vista histórico e cultural, como contos e imagens, de certa forma, tem sua repercussão na sociedade.
Segundo Darllan Neves, o repasse de informações da sua pesquisa serviu de capacitação para ele e significou uma ótima experiência a participação do seu primeiro Ciso. “Escolhi falar do bairro do Alto do Moura porque é um lugar que concentra o maior centro de artes figurativas da América Latina. Lá se encontra uma prdução bem diferenciada. Um bairro que cresceu graças ao barro.”
A luta por direitos sociais das pescadoras de Itapissuma vira tema de pesquisa
Por Tiago Cisneiros
A trajetória de busca por direitos sociais das pescadoras da colônia Z-10 de Itapissuma, no litoral Norte de Pernambuco, foi o destaque do GT “Desenvolvimento local: relações de gênero, comunidades tradicionais e meio ambiente no mundo globalizado”, do 14º Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordeste. A pesquisa analisou os movimentos por direitos civis organizados a partir de 1970.
O estudo intitulado “Pesca e gênero: 30 anos de carteira profissional de pescadoras”, desenvolvida pela professora Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão e pela estudante de licenciatura em Ciências Sociais, Claudia Maria de Lima - ambas da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) -, destaca os anseios profissionais e pessoais das pescadoras da Colônia Z-10. De acordo com Maria do Rosário, as reivindicações tiveram início nos anos 1970, quando as mulheres envolvidas no mercado da pesca, ainda, não eram reconhecidas juridicamente como trabalhadoras. “Em 1979, a colônia se organizou e pressionou o Governo Federal, conquistando o direito ao registro profissional. Esta foi a primeira vitória das pescadoras de Itapissuma. Com o registro, passaram a ter direitos sociais, como INSS e licença-maternidade”, afirmou.
Hoje, 70% da população de Itapissuma sobrevivem da indústria da pesca, o que, segundo a pesquisadora, ainda não levou à ampliação e à reforma da infra-estrutura da Colônia Z-10, fundada em novembro de 1927, em frente ao canal de Santa Cruz. Desde a conquista do registro profissional, as pescadoras do município tiveram suas vidas bastante modificadas. Em 1985, a constituição ampliou o direito ao registro para as mulheres casadas, que, até então, eram consideradas seguras pelo emprego dos maridos. No mesmo ano, a Colônia Z-10 elegeu uma diretoria composta, exclusivamente, por mulheres, auxiliadas pelo Conselho Pastoral da Pesca - a primeira do Brasil.
A professora Maria do Rosário citou, ainda, as realizações sociais e ambientais da colônia. Uma delas foi a criação do grupo “promotoras legais populares”, composto por mulheres que recebiam formação para fornecer apoio e orientação às vítimas da violência; E um movimento de preservação dos recursos naturais de Itapissuma. Em janeiro de 1991, o Diario de Pernambuco noticiou as ameaças sofridas pela então presidente da colônia, Joana Mousinho, por parte de um pescador da comunidade, denunciado por utilizar bombas para exterminar os peixes.
A pesquisa “Pesca e gênero: 30 anos da carteira profissional de pescadoras” foi desenvolvida com base em visitas à colônia, entrevistas com integrantes e líderes do grupo e leituras de diários escritos pela Irmã Nilza, responsável pelo início da movimentação pela conquista do registro. Uma das anotações chama a atenção para o desamparo educacional da população: “Algumas mulheres diziam que o lápis era mais pesado do que o remo”.
Para Maria do Rosário, as ações da colônia Z-10 permitiram a criação de um novo significado à representação social das mulheres pescadoras, com reflexos importantes nas últimas três décadas. “Trata-se de um processo. Este ano, elas ganharam o direito de registro profissional para toda a cadeia produtiva da pesca, e não apenas para as pessoas que ‘vão ao mar’”, exemplificou. Entretanto, ainda há o que se modificar no reconhecimento às profissionais: “Elas reclamam que, se forem a uma agência do Ministério do Trabalho com as unhas feitas, os funcionários não aceitam a afirmação de que são pescadoras. Existe muito preconceito na relação delas com os órgãos públicos, responsáveis pela regulamentação do setor”.
A trajetória de busca por direitos sociais das pescadoras da colônia Z-10 de Itapissuma, no litoral Norte de Pernambuco, foi o destaque do GT “Desenvolvimento local: relações de gênero, comunidades tradicionais e meio ambiente no mundo globalizado”, do 14º Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordeste. A pesquisa analisou os movimentos por direitos civis organizados a partir de 1970.
O estudo intitulado “Pesca e gênero: 30 anos de carteira profissional de pescadoras”, desenvolvida pela professora Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão e pela estudante de licenciatura em Ciências Sociais, Claudia Maria de Lima - ambas da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) -, destaca os anseios profissionais e pessoais das pescadoras da Colônia Z-10. De acordo com Maria do Rosário, as reivindicações tiveram início nos anos 1970, quando as mulheres envolvidas no mercado da pesca, ainda, não eram reconhecidas juridicamente como trabalhadoras. “Em 1979, a colônia se organizou e pressionou o Governo Federal, conquistando o direito ao registro profissional. Esta foi a primeira vitória das pescadoras de Itapissuma. Com o registro, passaram a ter direitos sociais, como INSS e licença-maternidade”, afirmou.
Hoje, 70% da população de Itapissuma sobrevivem da indústria da pesca, o que, segundo a pesquisadora, ainda não levou à ampliação e à reforma da infra-estrutura da Colônia Z-10, fundada em novembro de 1927, em frente ao canal de Santa Cruz. Desde a conquista do registro profissional, as pescadoras do município tiveram suas vidas bastante modificadas. Em 1985, a constituição ampliou o direito ao registro para as mulheres casadas, que, até então, eram consideradas seguras pelo emprego dos maridos. No mesmo ano, a Colônia Z-10 elegeu uma diretoria composta, exclusivamente, por mulheres, auxiliadas pelo Conselho Pastoral da Pesca - a primeira do Brasil.
A professora Maria do Rosário citou, ainda, as realizações sociais e ambientais da colônia. Uma delas foi a criação do grupo “promotoras legais populares”, composto por mulheres que recebiam formação para fornecer apoio e orientação às vítimas da violência; E um movimento de preservação dos recursos naturais de Itapissuma. Em janeiro de 1991, o Diario de Pernambuco noticiou as ameaças sofridas pela então presidente da colônia, Joana Mousinho, por parte de um pescador da comunidade, denunciado por utilizar bombas para exterminar os peixes.
A pesquisa “Pesca e gênero: 30 anos da carteira profissional de pescadoras” foi desenvolvida com base em visitas à colônia, entrevistas com integrantes e líderes do grupo e leituras de diários escritos pela Irmã Nilza, responsável pelo início da movimentação pela conquista do registro. Uma das anotações chama a atenção para o desamparo educacional da população: “Algumas mulheres diziam que o lápis era mais pesado do que o remo”.
Para Maria do Rosário, as ações da colônia Z-10 permitiram a criação de um novo significado à representação social das mulheres pescadoras, com reflexos importantes nas últimas três décadas. “Trata-se de um processo. Este ano, elas ganharam o direito de registro profissional para toda a cadeia produtiva da pesca, e não apenas para as pessoas que ‘vão ao mar’”, exemplificou. Entretanto, ainda há o que se modificar no reconhecimento às profissionais: “Elas reclamam que, se forem a uma agência do Ministério do Trabalho com as unhas feitas, os funcionários não aceitam a afirmação de que são pescadoras. Existe muito preconceito na relação delas com os órgãos públicos, responsáveis pela regulamentação do setor”.
Fala, pesquisador - as impressões do 14º Ciso no Recife
Alexandre de Freitas Barbosa, professor de História Econômica do Instituto Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (USP) - “Eu estou encantado com o evento. Eu acho que está sendo muito bem organizado, com mesas que cobrem os mais diversos temas, pessoas de várias universidades, com uma grande presença, obviamente, de universidades aqui do Nordeste. As exposições muito qualificadas. infelizmente não pude participar de todas, mas o que é interessante é a ampla cobertura de tema e não só a preocupação com a região, mas com o Brasil também. E por isso eu estou muito satisfeito de ter participado”.
Amilton Moretto, pesquisador do Instituto de Economia e Centro de Estudos Sindicais e Economias do Trabalho - “O Ciso traz uma possibilidade de trocar ideias com pessoas que normalmente a gente não tem um contato muito constante, quer dizer, os pesquisadores e os alunos daqui não tem muita facilidade de ir para o Sudeste, e mesmo a gente não tem tempo de vir para cá se não for nesses encontros. O fato de você estar dentro de um conjunto de pessoas que são de uam área afim, porém diferente da economia, área de onde eu venho, você troca uma experiência de visões de mundo diferente. Isso acaba enriquecendo e fortalecendo nossa forma de trabalhar e pensar”.
Tatiana Burgos, aluna do curso de Ciências Sociais (4º período) - “Eu acho que o ciso é muito importante por integrar faculdades de todo o Nordeste e por poder juntar pessoas com linhas de pensamento diferentes. Isso, além de enriquecer as pessoas que participam como debatedoras, enriquece também os alunos que tem a possibilidade de ver um debate diversificado. É importante também por ser do Norte e Nordeste e discutir questões aqui das regiões, já que as ciências sociais de hoje discutem mais as questões do Sul e Sudeste, regiões que são polos de produção de conhecimento”.
Márcia Pereira da Silva Castro, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – “Eu acho o Ciso muito interessante e com uma diversidade de temáticas. Mesmo sendo um evento do Norte e Nordeste, o encontro tem conseguido se ampliar e trazer pessoas de várias regiões e de outros países. Mesmo com a dimensão que ele vem tendo nos últimos anos, o evento, no entanto, não tem absorvido um grande número de grupos de trabalhos”.
Cleumo de Oliveira, graduado em Geografia pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e participante de grupo de trabalho – “O Ciso possibilita um intercâmbio de experiências profissionais e de estudos entre as diferentes ciências sociais. A gente está aqui para buscar essa maior comunicação das ciências sociais”.
Amilton Moretto, pesquisador do Instituto de Economia e Centro de Estudos Sindicais e Economias do Trabalho - “O Ciso traz uma possibilidade de trocar ideias com pessoas que normalmente a gente não tem um contato muito constante, quer dizer, os pesquisadores e os alunos daqui não tem muita facilidade de ir para o Sudeste, e mesmo a gente não tem tempo de vir para cá se não for nesses encontros. O fato de você estar dentro de um conjunto de pessoas que são de uam área afim, porém diferente da economia, área de onde eu venho, você troca uma experiência de visões de mundo diferente. Isso acaba enriquecendo e fortalecendo nossa forma de trabalhar e pensar”.
Tatiana Burgos, aluna do curso de Ciências Sociais (4º período) - “Eu acho que o ciso é muito importante por integrar faculdades de todo o Nordeste e por poder juntar pessoas com linhas de pensamento diferentes. Isso, além de enriquecer as pessoas que participam como debatedoras, enriquece também os alunos que tem a possibilidade de ver um debate diversificado. É importante também por ser do Norte e Nordeste e discutir questões aqui das regiões, já que as ciências sociais de hoje discutem mais as questões do Sul e Sudeste, regiões que são polos de produção de conhecimento”.
Márcia Pereira da Silva Castro, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – “Eu acho o Ciso muito interessante e com uma diversidade de temáticas. Mesmo sendo um evento do Norte e Nordeste, o encontro tem conseguido se ampliar e trazer pessoas de várias regiões e de outros países. Mesmo com a dimensão que ele vem tendo nos últimos anos, o evento, no entanto, não tem absorvido um grande número de grupos de trabalhos”.
Cleumo de Oliveira, graduado em Geografia pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e participante de grupo de trabalho – “O Ciso possibilita um intercâmbio de experiências profissionais e de estudos entre as diferentes ciências sociais. A gente está aqui para buscar essa maior comunicação das ciências sociais”.
Fórum sobre aquecimento global marca último dia do encontro
Por Victor Bastos
O tema “Aquecimento global e medidas de adaptação local” foi debatido na manhã desta sexta-feira, das 11h às 12h30, no Auditório do Centro de Ensino de Graduação (Cegoe). O fórum foi coordenado pelo representante da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Carlos Caldas, e contou com a colaboração de Adriano Dias (Fundaj), Almir Cirilo (secretário executivo de Recursos Hídricos do Governo de Pernambuco) e pelo professor Edgard Cavalcanti (UFPB).
Foram destacados os problemas atuais gerados pelo aquecimento global, as suas consequências biológicas e econômicas, as complicações e possíveis alternativas de adaptação para o momento que vive a sociedade moderna. As apresentações foram auxliadas por gráficos e slides.
O representante da Fundaj, Adriano Dias, enfatizou durante o debate que o aquecimento global já é um fenômeno reconhecido. “Estamos diante de um fenômeno mundial que é incontestável”, afirmou. Segundo Adriano, as previsões são alarmantes, sendo necessárias ações imediatas. A gravidade da situação dependerá da mitigação, ou seja, das formas gerais de controle. Segundo os dados divulgados, haverá uma mitigação perfeita se acontecer o aumento de 1 grau centígrado, uma mitigação razoável se ocorrer uma elevação de 2 graus centígrados e uma mitigação fracassada caso aconteça um aumento de 5 graus centígrados.
Perdas agrícolas, migrações e crise alimentar estão entre os principais efeitos econômicos do aquecimento. As complicações e consequências biológicas são precipitações concentradas, ventos mais fortes e estiagens prolongadas. “Para se ter uma ideia, o gelo ártico está derretendo 30 anos antes do previsto”, alertou Adriano Dias.
O controle e a redução na emissão de gás carbônico é a principal forma de mitigação. Segundo Adriano, a redução de CO2 é uma necessidade e uma obrigação do ser humano. Uma das formas é a utilização da vegetação para a redução das temperaturas. “Uma árvore é um ar-condicionado natural”, explicou. A adaptação também é uma forma de combater os efeitos do aquecimento global. Ênfase em medicina preventiva e aumento da capacidade na retenção hídrica estão entre as formas de adaptação.
Outro três fóruns completaram a manhã de atividades no último dia do 14º Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordeste. Os debates ocorreram paralelamente ao fórum “Aquecimento global e medidas de adaptação local”. Foram eles: "Populações tradicionais, lutas por reconhecimento e políticas públicas", no auditório do Cegoe, coordenado por Rosalira Santos (Fundaj), Alfredo Wagner Berno de Almeida (UFAM), Marco Aurélio Loureiro (MDS) e Mauro William Barbosa de Almeida (Unicamp); "Òmìnira Èsin – liberdade de culto: legislação que protege a manifestação religiosa de matriz africana", no auditório de Engenharia de Pesca, coordenador por Aurenice Maria do Nascimento Lina (Senac), Alexandre Alberto Santos de Oliveira (Organização Trajetória Mundial), João Monteiro (Unicap) e Márcio Carmelo Barbosa dos Santos (Unicap); e "Vinte anos da Constituição Federal: Judiciário e Cidadania", no auditório da Reitoria, sob a coordenação de Ernani Carvalho (UFPE), João Ricardo dos Santos Costa (AMB), Joaquim Falcão (FGV-RJ/CNJ) e Maria Teresa Sadek (USP).
O tema “Aquecimento global e medidas de adaptação local” foi debatido na manhã desta sexta-feira, das 11h às 12h30, no Auditório do Centro de Ensino de Graduação (Cegoe). O fórum foi coordenado pelo representante da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Carlos Caldas, e contou com a colaboração de Adriano Dias (Fundaj), Almir Cirilo (secretário executivo de Recursos Hídricos do Governo de Pernambuco) e pelo professor Edgard Cavalcanti (UFPB).
Foram destacados os problemas atuais gerados pelo aquecimento global, as suas consequências biológicas e econômicas, as complicações e possíveis alternativas de adaptação para o momento que vive a sociedade moderna. As apresentações foram auxliadas por gráficos e slides.
O representante da Fundaj, Adriano Dias, enfatizou durante o debate que o aquecimento global já é um fenômeno reconhecido. “Estamos diante de um fenômeno mundial que é incontestável”, afirmou. Segundo Adriano, as previsões são alarmantes, sendo necessárias ações imediatas. A gravidade da situação dependerá da mitigação, ou seja, das formas gerais de controle. Segundo os dados divulgados, haverá uma mitigação perfeita se acontecer o aumento de 1 grau centígrado, uma mitigação razoável se ocorrer uma elevação de 2 graus centígrados e uma mitigação fracassada caso aconteça um aumento de 5 graus centígrados.
Perdas agrícolas, migrações e crise alimentar estão entre os principais efeitos econômicos do aquecimento. As complicações e consequências biológicas são precipitações concentradas, ventos mais fortes e estiagens prolongadas. “Para se ter uma ideia, o gelo ártico está derretendo 30 anos antes do previsto”, alertou Adriano Dias.
O controle e a redução na emissão de gás carbônico é a principal forma de mitigação. Segundo Adriano, a redução de CO2 é uma necessidade e uma obrigação do ser humano. Uma das formas é a utilização da vegetação para a redução das temperaturas. “Uma árvore é um ar-condicionado natural”, explicou. A adaptação também é uma forma de combater os efeitos do aquecimento global. Ênfase em medicina preventiva e aumento da capacidade na retenção hídrica estão entre as formas de adaptação.
Outro três fóruns completaram a manhã de atividades no último dia do 14º Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordeste. Os debates ocorreram paralelamente ao fórum “Aquecimento global e medidas de adaptação local”. Foram eles: "Populações tradicionais, lutas por reconhecimento e políticas públicas", no auditório do Cegoe, coordenado por Rosalira Santos (Fundaj), Alfredo Wagner Berno de Almeida (UFAM), Marco Aurélio Loureiro (MDS) e Mauro William Barbosa de Almeida (Unicamp); "Òmìnira Èsin – liberdade de culto: legislação que protege a manifestação religiosa de matriz africana", no auditório de Engenharia de Pesca, coordenador por Aurenice Maria do Nascimento Lina (Senac), Alexandre Alberto Santos de Oliveira (Organização Trajetória Mundial), João Monteiro (Unicap) e Márcio Carmelo Barbosa dos Santos (Unicap); e "Vinte anos da Constituição Federal: Judiciário e Cidadania", no auditório da Reitoria, sob a coordenação de Ernani Carvalho (UFPE), João Ricardo dos Santos Costa (AMB), Joaquim Falcão (FGV-RJ/CNJ) e Maria Teresa Sadek (USP).
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