Por Tiago Cisneiros
O Grupo de Trabalho 3 – “Trabalho, sindicato e políticas públicas na sociedade contemporânea” - do 14º Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordeste (Ciso) discutiu, na tarde desta quarta-feira (9), as novas configurações do trabalho caracterizadas pelos processos de flexibilização, precarização e informalização. Entre os assuntos abordados na sessão “Indicações de novos padrões de relações de trabalho”, estiveram a comparação entre as reformas nas relações trabalhistas de Brasil e México, as condições da indústria do vestuário em Toritama, no Agreste pernambucano, e a situação dos funcionários das empresas automobilísticas do Paraná.
Diante das mudanças no mundo do emprego ocorridas desde a década de 1980, têm sido ampliados os debates sobre a necessidade de reforma da legislação de relações trabalhistas no Brasil e no México. A discussão gira em torno de duas visões opostas: os defensores da desregulamentação, baseados na ideia de que a excessiva rigidez das normas impede o livre funcionamento dos mercados de trabalho, e os partidários de uma profunda reforma sindical, com o fortalecimento dos funcionários nas negociações sindicais. A pesquisa apresentada no 14º Ciso foi realizada pelo professor Wagner de Souza Leite Molina, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
O estudo “Condições de trabalho na indústria do vestuário: um estudo sobre Toritama”, realizado pelos pesquisadores Luís Campos, Darcilene Gomes, Valtemira Vasconcelos e Kallyne Moura, contempla as características das condições e relações de trabalho no município de Toritama, no Agreste de Pernambuco. A localidade é marcada por indicadores de desocupação muito baixos e, simultaneamente, por um altíssimo grau de informalidade e severos problemas ambientais.
A Fundaj promoveu, em 2008, uma pesquisa de campo para observar as condições de trabalho da população residente em Toritama ou das pessoas que se deslocam para aquela cidade. O coordenador do GT, professor Roberto Véras de Oliveira, da Universidade Federal de Campina Grande, que tem um projeto sobre o município, comentou: “Toritama tem um índice muito elevado de precariedade e informalidade. Diante do contexto mais geral e a tendência de flexibilização, é interessante analisar como esse processo implica em um cenário de tanta flexibilidade”.
A pesquisa “Trabalhadores, identidade social e ação coletiva na indústria automobilista do Paraná”, da professora da Universidade Federal do Paraná Maria Aparecida da Cruz Bridi, aborda a influência das transformações no âmbito do trabalho na construção da identidade da classe trabalhadora. O espaço de produção flexível e enxuta contribui para que os trabalhadores partilhem interesses que favoreçam a ação coletiva. No Paraná, os funcionários das empresas automobilísticas têm sido obrigados a enfrentar uma jornada de trabalho com muito mais de 40 horas semanais, devido ao comportamento das empresas em busca de maior produção.
No último momento da sessão, o coordenador do Grupo de Trabalho 3, professor Roberto Véras de Oliveira, promoveu um debate com os participantes e ouvintes sobre as temáticas abordadas.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário