Por Victor Bastos
O tema “Trabalho doméstico, reprodução das desigualdades e globalização” foi debatido na manhã desta quarta-feira (09), na Sala de Seminários do Centro de Ensino de Graduação (CEGOE) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), das 11h às 12h30. O fórum foi coordenado pela professora da UFRPE Laura Susana Duque-Arrazola, pela professora da Universidade Federal Fluminense Hildete Pereira de Melo e pela representante do SOS Corpo, Maria Betânia de Melo Ávila.
Para a professora Laura Susana, é necessário que se situe em um contexto histórico para entender o trabalho e o emprego doméstico. “Tudo isso vem da colonização. Vivemos, hoje, em uma sociedade capitalista e patriarcal, onde existe uma distinção de classes e é racista”, explicou. Segundo ela, por isso o trabalho doméstico virou um campo de pesquisa.
Segundo Betânia Ávila, existe uma relação entre trabalho e emprego doméstico e que isso se reflete no salário. “Por uma questão cultural, o salário das empregadas domésticas é o pior salário pago às mulheres brasileiras”, explicou a professora Hildete de Melo.
Hildete de Melo abordou a relação entre produção e reprodução do trabalho doméstico. Para a professora da UFF, existe uma recriminação em vários campos da sociedade com esse serviço. “A legislação não abrange o trabalho doméstico e em pesquisas não é contado como dado para o Produto Interno Bruto, pois é tratado como a relação da esposa com o marido, por não ser remunerado. Até as prostitutas entram no PIB, pois é um trabalho pago”, disse.
A representante do SOS Corpo abordou o tema da globalização como uma reestruturação produtiva e citou as migrações de países e classes. Segundo ela, há casos de mulheres que saíram de seu país de origem para trabalhar como empregadas domésticas, como ocorreu com mulheres das Filipinas que foram morar na França. No Brasil, há um deslocamento do interior para os grandes centros para se garantir o emprego. De acordo com Maria Betânia, esta situação faz com que as relações com a família no interior se restrinjam a visitas esporádicas.
Fazer com que o trabalho doméstico deixe de ser apenas “uma doação, uma entrega” foi o principal ponto debatido. Segundo as coordenadoras do fórum, isso tem que ser uma conquista feminina, como resultado de uma resistência. “Temos que considerar como um trabalho de verdade, mas isso não acontece, pois vivemos em uma sociedade marcada pela troca de mercadorias”, afirmou a professora Laura Susana.
Na manhã desta quarta-feira ocorreu paralelamente, no auditório de Engenharia de Pesca, o fórum “A situação dos defensores de direitos humanos no Brasil no contexto da luta contra a violência”. O tema foi discutido pelos professores da Universidade Católica de Pernambuco, Jaime Benvenuto, da PUC do Rio de Janeiro, Daniel Aragão, e pelos representantes da CONARE, Renato Zerbini Ribeiro Leão, e do Movimento Nacional de Direitos Humanos de Pernambuco, Manoel Moraes.
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