Por Tiago Cisneiros
O final da tarde desta quarta-feira (9) foi marcado pelo início de oito minicursos promovidos pelo 14º Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordeste (Ciso). Pesquisadores de instituições de Pernambuco, Paraíba e Minas Gerais ministrarão aulas sobre diversos campos das Ciências Humanas e Sociais até esta sexta-feira (11). O minicurso “Cultura e Mídia” analisa a relação entre os produtos do jornalismo, da publicidade e do entretenimento. As aulas são organizadas pela pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco, Rúbia Lóssio.
De acordo com a pesquisadora, o termo “folclore” está sendo substituído pela expressão “cultura popular”. A postura se deve a uma noção disseminada de que as práticas folclóricas são estáticas, isto é, presas a um passado remoto e carentes de renovação ou progresso. Formada pelos elementos do inglês arcaico “folk” (povo) e “lore” (saber), a palavra designa, segundo Rúbia, a dinâmica de história e comportamento da sociedade, com destaque para a adaptação de interferências econômicas e culturais em sua vivência.
Na introdução ao minicurso, Rúbia Lóssio enfatizou o significado do termo “cultura” estabelecido pelo sociólogo Jonathan Turner. “Ele oferece uma visão simplificada e didática da palavra, apontando-a como um conjunto de símbolos empregados pelo povo em sua sobrevivência, organização e regulação de pensamentos”, explicou. Segundo ela, o paradigma de cultura como bem comum perdeu espaço para a onda da “economia da cultura” e as suas discussões sobre como atrelar valores às manifestações e tradições.
Atualmente, o folclore e a cultura popular são estudados sob a ótica da ‘folkcomunicação’, desenvolvida na dissertação de mestrado do professor Luiz Beltrão, que integrou o corpo docente dos cursos de Comunicação Social da Universidade Católica de Pernambuco. “Essa linha de pesquisa trabalha com o uso das mensagens da mídia pelo povo no seu dia a dia. Trata-se da apropriação desse conteúdo em suas manifestações (artesanato, dança e linguagem)”. Como exemplo da penetração midiática no comportamento da sociedade, ela destacou o emprego de um banner no lugar de um estandarte de carnaval, a confecção de um boneco artesanal inspirado no personagem de novela Foguinho (interpretado por Lázaro Ramos) e a preferência por nomes em idiomas estrangeiros, notadamente o inglês, para (re) batizar produtos tradicionais da região. O minicurso “Cultura e Mídia” prossegue até a sexta-feira, das 16h30 às 18h, na sala 3 do Centro de Ensino de Graduação da UFRPE.
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